Protestos

Greve sanitária gera impasse no retorno das aulas do IFSul em Pelotas

Professores ligados ao Sinasefe estendem por 15 dias o período de ensino remoto e causam insatisfação de estudantes, que criaram abaixo-assinado

Carlos Queiroz -

A volta às aulas presenciais no Instituto Federal Sul-riograndense (IFSul) está novamente adiada. Uma greve sanitária foi decidida em assembleia na última sexta-feira (28) por membros do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinasefe). O movimento começa a valer nesta quarta (2) e tem duração inicial de 15 dias, motivado pelo avanço da Covid-19. Como consequência, os alunos criaram um abaixo-assinado solicitando o retorno imediato do modelo tradicional.

Na próxima quinta-feira (3) haverá uma manifestação de estudantes e responsáveis, com início na sede do Sinasefe e fim na Reitoria do IFSul. "Meu filho é aluno e está sendo muito prejudicado com isso. O fato de não ter aulas presenciais o deixou um pouco depressivo. E o ensino remoto é de péssima qualidade, ele reclama de não estar aprendendo e de não obter retorno dos professores quando solicita ajuda", diz Carla Cardoso, mãe de João Victor, que cursa eletrônica.

O coordenador de ação do Sinasefe, Francilon Simões, enfatiza que o cronograma planejado será seguido sem atrasos. "O principal motivo é o surto de Covid na nossa região", explica, mencionando o alto número de casos de coronavírus em Pelotas. Ele também antecipa que não é possível afirmar que a greve acabará no prazo inicial. "A gente vai voltar assim que der uma melhorada nessa questão sanitária. Não tem como cravar que vai ser daqui a 15 dias".

Decisão judicial exigia retorno

No último dia 14, uma decisão da Justiça Federal, após notificação do Ministério Público, obrigava a volta do modelo presencial hoje para os ensinos Técnico, integrado, subsequente, concomitante e Ensino para Jovens Adultos (EJA). A Reitoria acatou a medida e, em duas reuniões com representantes do Sinasefe, negou as solicitações para postergar o retorno ao modelo tradicional. O resultado foi a organização de assembleia no sindicato, que determinou a greve dos professores vinculados.

"A decisão judicial tira a autonomia institucional sobre o assunto. Com o agravamento da pandemia, o sindicato começou a mover suas bases e chegou até a assembleia. Enquanto instituição, a gente aguarda. A greve não é do IFSul, mas dos servidores sindicalizados. O indicativo que demos aos 14 campus é que nossa parte como gestão é cumprir a decisão judicial", diz o reitor do IFSul, Flávio Nunes.

Estudantes têm muitas reclamações

A greve sanitária foi o estopim para que os estudantes organizassem a manifestação desta quinta-feira. Há quase dois anos sem a convivência diária nas salas de aula, eles relatam uma série de prejuízos. Os principais são o tempo desperdiçado e a queda da qualidade das aulas com a extensão do período de Ensino a Distância (EaD).

"O EaD é um quarto do que seria presencial. Quase todos os cursos precisam de laboratório, de prática. O IFSul é um instituto incrível e estamos bastante descontentes com isso. Obviamente seguiremos todas as normas da OMS. As aulas EaD são muito difíceis de prestar atenção", avalia a aluna Kailany Marchsean.

Outros estudantes, casos de João Pedro Veleta e Diogo Marth, reclamam da forma repentina como aconteceu o último adiamento do retorno. Na semana passada, foi necessária a entrega de documentos e o recebimento de orientações, por exemplo. Alunos de fora de Pelotas chegaram a fechar contratos de aluguel de apartamento e agora se veem em situação de total incerteza por conta da greve.

Há quem cite o grande atraso curricular sofrido. Luiza Silveira, que se formaria em 2023, sairá da instituição somente em 2025. A preocupação de Adrian Adamoli é também a idade com que boa parte dos alunos sairá do IFSul: alguns na casa dos 22 anos, o que prejudicaria consequentemente o ingresso posterior na faculdade e a inclusão no mercado de trabalho.

Outras cidades

Conforme o reitor Flávio Nunes, Pelotas é uma das cidades com mais profissionais vinculados ao Sinasefe. Portanto, sofrerá impacto considerável pela greve nos campi Pelotas e Visconde da Graça. Outros municípios que têm sedes do IFSul são Bagé, Camaquã, Charqueadas, Gravataí, Jaguarão, Lajeado, Novo Hamburgo, Passo Fundo, Santana do Livramento, Sapiranga, Sapucaia do Sul e Venâncio Aires.

"Cada campus tem um calendário diferente, uma situação diferente. Alguns têm poucos sindicalizados e provavelmente continuarão quase normalmente as atividades presenciais, mas outros não, caso do campus Pelotas", explica Nunes.

Abaixo-assinado

Até o fechamento desta matéria, 1.905 pessoas já haviam assinado o documento contrário à greve sanitária que impede o retorno presencial às aulas no Instituto.

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